quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Numa ressaca brilhante!


O sol da manha já ia alto, a noite tinha sido longa e animada, os amigos ainda a dormir. Acordo e relembro os momentos passados e penso « aqueles gajos corresponderam às espectativas, estavamos a precisar de momentos assim para constatar que a familia que se escolhe ao longo da vida pode ser tão importante como a que nos viu crescer». De facto eles tem estado nos momentos mais importantes da minha vida, nos bons e nos maus, o que se esperaria de verdadeiros amigos? Apesar da ressaca sentida sinto que algo se passou na noite anterior, algo magico??? Nao sei, apenas sinto uma inquietação e corro a pegar no telemovel, com um sobressalto vejo o sinal de mensagem, sei de quem é... tinha-o conhecido na noite anterior. Todo cheio de si, confiante, com um brilho no olhar que jamais tinha visto. Leio na mensagem...

-Queres ir ler o metro? (pergunta fruto da conversa recambolesca da noite anterior)
Respondo:
-Lamento amigo mas o metro nao sai ao domingo! (Ás vezes espanto-me com a minha frieza).
Ele insiste:
-Arranjamos o de ontem.
Atiro mais um floco de neve:
-Tambem não sai ao sábado... mas podemos comprar um jornal qualquer e le-lo juntos.

Enfim consegui dar a volta a miha propria cabeça. Saio do hotel e vou ao seu encontro. A cidade aqui é estranha, as pessoas ainda mais, sou assediado enquanto espero a hora «óh jeitoso has 23h em minha casa!!!», e segue em frente, nem me deixa a morada, que mal educado (lol), mas de qualquer forma logo a noite a Madonna ja tinha marcado comigo. O outro encontro, este que me trouxe a cidadade de "los anjos" demora em chegar, não gosto de atrasos, para além dos meus é claro. Ligo novamente, estou no sitio errado! Bem canta a mariza que as coisas vulgares que há na vida, nao deixam saudades, e eu acrescento que as minhas distracções tambem não! Começo a subir a rua na direcção certa. Mais certa do que eu imaginava e de repente a sair de uma estação de metro qualquer, sou inundado com um raio de sol... Aquele olhar afinal nao era da vodka. Nao quero acreditar, sinto-me sobressaltado, quero afastar-me e recuperar o controlo que tanto me caractreriza. Porque estou aqui, porque vim? São tantas as perguntas que me assombram, que esqueci que já tinha colocado horas antes, uma que me responderia a todas as dúvidas «Entao e o meu beijo?». O meu beijo respondeu. Estas aqui, porque tinhas de estar...

2 comentários:

Rui Gabriel Baptista disse...

"Há amores assim
Que nunca têm início
Muito menos têm fim
Na esquina de uma rua
Ou num banco de jardim
Quando menos esperamos
Há amores assim

Não demores tanto assim
Enquanto espero o céu azul
Cai a chuva sobre mim
Não me importo com mais nada
Se és direito ou o avesso
Se tu fores o meu final
Eu serei o teu começo

Não vou ganhar
Nem perder
Nem me lamentar
Estou pronta a saltar
De cabeça contra o mar

Não vou medir
Nem julgar
Eu quero arriscar
Tenho encontro marcado
Sem tempo nem lugar

Je t’aime j’adore
Um amor nunca se escolhe
Mas sei que vais reparar em mim
Yo te quiero tanto
E converso com o meu santo
Eu rezo e até peço em latim

Quando te encontrar sei que tudo se iluminará
Reconhecerei em ti meu amor, a minha eternidade
É que na verdade a saudade já me invade
Mesmo antes de te alcançar
É a sede que me mata
Ao sentir o rio abraçar o mar

Sem lágrima caída
Sou dona da minha vida
Sem nada mais nada
De bem com a vida"

Duas almas uniram-se por "acidente"

josecarlos Cardoso disse...

pois é... há amores assim e há cidades assim e há noites assim e há palavras assim, 'que nos beijam como se tivessem boca... palavras nuas que beijas quando a noite perde o rosto... de repente coloridas entre palavras sem cor, esperadas inesperadas, como a poesia ou o amor. [O nome de quem se ama letra a letra revelado no mármore distraído no papel abandonado]. palavras que nos transportam aonde a noite é mais forte, ao silêncio dos amantes abraçados contra a morte.'
há vidas assim... que se cruzam assim como as palavras que nos beijam...